Recursos geológicos
Os
recursos geológicos são todos os bens de natureza geológica, existentes
na crusta terrestre, passíveis de serem utilizados pelo Homem.
Constituem a fonte de matérias-primas a partir das quais, directa ou
indirectamente, são fabricados os mais diversos produtos usados no
quotidiano.
Podem ser materiais sólidos,
líquidos ou gasosos ou as propriedades desses materiais, como o calor ou
a radioactividade que certas rochas e minerais libertam.
Os recursos geológicos podem ser renováveis - gerados a uma velocidade superior àquela a que são explorados (à escala da vida humana) - ou não renováveis
- consumidos a uma velocidade superior àquela a que se formam. A
maioria dos recursos geológicos são do tipo não renovável, não podendo
ser substituídos, pelo menos num espaço de tempo razoável, a comparar
com a escala da vida humana.
O
aproveitamento destes recursos está dependente da concentração a que
estes se encontram na crosta terrestre de modo a permitir a
rentabilidade da sua exploração. Os recursos geológicos de um país são
formados pelo conjunto dos recursos, conhecidos e desconhecidos, que
existem na parte acessível da crosta terrestre. Quanto um recurso
geológico conhecido pode ser explorado, quer do ponto de vista legal
quer económico, denomina-se reserva.
Em
teoria, todos os recursos geológicos classificados como depósitos
conhecidos podem tornar-se reservas. Para que tal aconteça pode aumentar
o preço do respectivo recurso ou o desenvolvimento de tecnologia que
permita a sua extracção a baixo custo.

--> “Recursos” = materiais úteis que podem ser extraídos e tornados um bem utilizável com lucro (já ou num futuro razoável)
-->
“Reservas” = porção de um recurso que está identificada e disponível
imediatamente (extraível económica e legalmente no momento da avaliação)

De acordo com as funções que podem desempenhar, os recursos naturais podem ser classificados em
recursos energéticos (combustíveis fósseis, energia solar, energia geotérmica, energia hidroeléctrica, energia eólica, energia nuclear),
recursos minerais (metálicos e não metálicos) e
recursos hidrogeológicos.
Esta não é, porém, uma classificação rígida pois a água, por exemplo,
tanto pode ser considerado um recurso hidrogeológico como energético.
A
exploração dos recursos geológicos tem vindo a aumentar de forma
dramática com o crescimento da população humana e com desenvolvimento
industrial. Muitos destes recursos caminham para o esgotamento, o que
torna urgente a adopção de uma exploração sustentada.
Fontes de energia:
A
utilização dos recursos energéticos é vital para as actuais
necessidades humanas, pois à medida que as sociedades humanas evoluem, o
consumo de energia aumenta. O ser humano recorre a várias fontes
energéticas - combustíveis fósseis (carvão, petróleo, gás natural), e energias solar, geotérmica, hidroeléctrica, eólica e nuclear.
Embora ainda não sejam utilizadas em grande escala, foram encontradas
algumas soluções energéticas que passam pela exploração das energias hidroeléctrica, eólica, das marés, das ondas, da biomassa, do biogás e solar. Os combustíveis fósseis são de todas as fontes energéticas as mais exploradas.
Combustíveis fósseis
Os
combustíveis fósseis são as substâncias formadas, em tempos geológicos
recuados, por fossilização de matéria orgânica e que se podem combinar
com o oxigénio, libertando energia com elevação da temperatura. Na sua
formação intervêm factores como a pressão, o calor, o tempo e a acção de
bactérias anaeróbicas.
Os
combustíveis fósseis ocorrem na crusta terrestre sob a forma sólida
(carvões), líquida (petróleo bruto) e gasosa (gás natural). Como
recursos naturais não renováveis, os combustíveis fósseis encontram-se
próximo do seu esgotamento. No entanto, constituem o recurso energético
mais utilizado pelo Homem, sendo que cerca de 75% da energia consumida a
nível mundial provém dos combustíveis fósseis.
A
utilização dos combustíveis fósseis apresenta, contudo, grandes
desvantagens, não só para o meio ambiente como também para os seres
vivos, de uma maneira geral, e para o ser humano, em particular. A sua
exploração é causa de fenómenos como as chuvas ácidas, o aquecimento
global e a degradação da camada de ozono.

Desvantagens do petróleo:
No caso do petróleo, cujas reservas poderão esgotar-se daqui por 100
anos, as desvantagens prendem-se com a emissão de grandes quantidades de
dióxido de carbono, que é um dos principais poluentes da atmosfera e
que contribui para o aumento do efeito de estufa, e da poluição e
destruição de ecossistemas aquáticos, devido a acidentes no transporte
deste combustível.
Desvantagens do Carvão: A utilização
do carvão como fonte energética provoca, por sua vez, alterações graves
ao nível dos solos, da atmosfera e dos recursos hídricos, principalmente
devidas a emissões de dióxido de enxofre que provocam chuvas ácidas e a
acidificação dos solos. O uso deste recurso energético é responsável
pela emissão de outros gases poluentes, como o dióxido de carbono, que
aumentam o efeito de estufa e o consequente aquecimento global do
planeta.
Desvantagens do Gás Natural:
Emite metano provocando efeito de estufa e em relação ao butano é mais
difícil de ser transportado e liquefeito, sendo mais tóxico e tendo um
carácter mais explosivo.

Energia nuclear
Esta
é a energia que se encontra contida no núcleo do átomo e que dele pode
ser retirada para diversos fins, isto é, a energia obtida como resultado
de fissão (separação dos núcleos de urânio ou de plutónio) ou de fusão
nuclear (combinação de núcleos atómicos leves).

A
energia produzida por fissão nuclear tem sido utilizada, desde 1945, na
criação de armas nucleares e, desde 1950, como geradora de
electricidade. Continuam a realizar-se pesquisas com o objectivo da
utilização controlada de fusão nuclear. A energia nuclear obtém-se a
partir de minerais radioactivos por processos que envolvem mudanças ao
nível dos núcleos atómicos dos minerais utilizados.
A
sua produção, nas centrais nucleares, recorre a processos onde é
provocada a cisão nuclear de um elemento radioactivo, de forma, a que se
liberte grande quantidade de energia sob a forma de calor. Esse calor
é, então, aproveitado para produzir vapor de água que, por sua vez, é
usado na produção de electricidade. A fissão nuclear de um átomo de
urânio produz cerca de 3,2x10^-11 joules, enquanto que a combustão de um
átomo de carbono produz cerca de 6,4x10^-19 joules. Para igual massa, o
urânio produz cerca de 2 500 000 vezes mais energia por fissão que o
carbono por combustão.
Assim,
ao contrário dos combustíveis fósseis, como o carvão e o petróleo, que
têm de ser queimados em grandes quantidades para poderem produzir
energia, os combustíveis nucleares são utilizados em pequenas
quantidades e as reservas são, contrariamente às obtidas por intermédio
de combustíveis fósseis, guardadas para futuras utilizações.
Vantagens:
As reservas de urânio são extensas pelo que o problema de esgotamento
não é uma preocupação, como no caso dos combustíveis fósseis.
Desvantagens:
Os custos ambientais associados a este recurso energético são elevados,
nomeadamente ao nível de potenciais acidentes em centrais nucleares. A
produção de resíduos radioactivos extremamente nocivos para os seres
vivos - uma das grandes desvantagens da utilização da energia nuclear -
implica a existência de locais suficientemente seguros para que estes
resíduos possam ser armazenados sem que ocorra a contaminação de solos,
águas e seres vivos. A construção e manutenção das centrais nucleares
são muito dispendiosas. A exposição de organismos vivos a elevados
níveis de radioactividade, um dos perigos associados ao uso da energia
nuclear, pode provocar, por exemplo, cancros e malformações fetais.

Energia geotérmica
A
energia geotérmica resulta do calor interior da Terra que, devido a
fenómenos vulcânicos recentes, à radioactividade natural das rochas e à
elevação do manto, pode ser aproveitado para a produção de energia. Esta
energia pode ser recuperada directamente de um fluido gasoso ou líquido
ou, caso não exista fluido, através da injecção de água em maciços
rochosos profundos.
Existem dois tipos de geotermia: de baixa temperatura (baixa entalpia) - se a temperatura do fluido é inferior a 150 oC; e de alta temperatura (alta entalpia) - se a temperatura do fluido é superior a 150 oC.
A
ocorrência da geotermia de baixa temperatura está relacionada com a
existência de acidentes tectónicos, como, por exemplo, falhas.
Encontra-se associada a águas termais, ou seja, águas de origem
subterrânea com uma temperatura superior em, pelo menos, 4 ºC do que a
temperatura média do ar de uma região. Em Portugal, as águas termais
nunca excedem os 80 ºC e as suas temperaturas mais comuns variam entre
os 20 e os 40 ºC. O aproveitamento da geotermia de baixa temperatura é
feito em estâncias termais, quer para utilizações terapêuticas quer para
aquecimento de piscinas e águas de hotéis. Pode, ainda, ser aplicada na
agricultura, na piscicultura e em alguns processos industriais. Em
Portugal existem em funcionamento alguns destes aproveitamentos,
nomeadamente em Chaves, S. Pedro do Sul e Lisboa, em projectos
dinamizados pelos municípios e entidades hospitalares.
A geotermia de
alta temperatura poderá ser utilizada para a produção de electricidade e
posterior aproveitamento térmico. Nos Açores, na ilha de S. Miguel,
existe uma central geotérmica de alta temperatura de produção de energia
eléctrica. Esta central terá uma capacidade instalada de 12 mil KW,
estando já instalados e em exploração cerca de 5 mil KW. O
aproveitamento da energia geotérmica de alta temperatura representa
cerca de 50 a 60% da electricidade consumida na ilha de S. Miguel.
Vantagens:
Os impactes ambientais associados a este recurso energético são
moderados. Ao nível da utilização e alteração dos solos o impacte é
também muito reduzido. Em zonas de elevado potencial geotérmico, a
eficiência energética é elevada e a exploração dos recursos geotérmicos
tem custos reduzidos.
Desvantagens: Existem poucos locais
com potencial geotérmico e este é um recurso energético que se esgota
rapidamente quando usado exaustivamente. Da utilização da energia
geotérmica resulta poluição: alguma poluição atmosférica, como a emissão
de CO2, embora seja mais baixa em comparação com os combustíveis
fósseis; poluição sonora e cheiros desagradáveis. O aproveitamento da
energia geotérmica apresenta inconvenientes, pois certos elementos
nocivos, como o enxofre, podem vir até à superfície, para além do facto
dos terrenos poderem sofrer uma certa subsidência (movimento de
descida). Para além disto, os custos de instalação e segurança de
infra-estruturas para aproveitamento da energia geotérmica são elevados.
Energia hidroeléctrica
Esta
é a forma de energia gerada em instalações de produção de energia
eléctrica por transformação de energias primárias, como a energia
hidráulica de rios, lagos e marés.
Na mais generalizada técnica para
gerar electricidade, uma fonte de energia primária é utilizada para
produzir vapor de água, que produz uma corrente de alta pressão que
movimenta a turbina nas barragens. Antes da construção das barragens as
populações têm utilizado as quedas de água como uma fonte de energia já
há muitos anos.
Vantagens:
A energia hidroélectrica é uma energia renovável. A produção de
electricidade é contínua. As barragens regularizam muitas vezes os
cursos de água, sendo que o armazenamento da água pode servir para a
irrigação dos terrenos vizinhos. A energia produzida pode ser
armazenada.
Desvantagens: A energia hidroeléctrica implica a
construção de barragens para a criação de albufeiras, o que implica a
deslocação de populações, campos de cultivo e alteração da vida selvagem
agredindo, por vezes, a migração de várias espécies animais. As
barragens construídas para a sua produção têm um tempo de duração
limitado. Todos os rios transportam sedimentos que podem assorear o lago
da barragem.
Um
exemplo de assoreamento é a barragem de Assuão, no Egipto, construída
em 1960 e que se prevê que em 2005 tenha metade do reservatório
preenchido por sedimentos transportados pelo Rio Nilo. A determinação de
locais capazes é um factor limitante para o desenvolvimento em larga
escala da produção de energia hidroeléctrica.

Energia eólica
A
energia eólica, desde longa data, tem sido aproveitada através de
moinhos de vento para moer cereais ou para bombear água e principalmente
na navegação marítima dos veleiros. Actualmente, com o avanço da
tecnologia, surgiram os denominados aeromotores ou turbinas eólicas que
transformam a energia eólica em energia eléctrica. Os parques eólicos
são constituídos geralmente por 10 a 30 unidades de turbinas eólicas,
estando localizados em zonas abertas com uma média anual da velocidade
do vento elevada.
Desvantagens:
O aproveitamento da energia eólica é muito limitado devido à
variabilidade do vento quanto à intensidade e direcção, criando
determinadas restrições. Também causa danos paisagísticos e a
percentagem explorável desta energia é em média 20%.
Vantagens:
Esta forma de energia apresenta a vantagem de permitir que os seus
geradores possam ser construídos e instalados individualmente,
permitindo por este facto instalar-se em qualquer zona e ocupando pouco
espaço.


Energia solar
A
energia solar constitui uma fonte inesgotável de energia que pode ser
aproveitada com finalidades térmicas através de dois sistemas: o solar
activo e o solar passivo. O sistema solar activo consiste no aquecimento
da água através de painéis solares, convenientemente orientados, que
absorvem a radiação solar e transferem o calor para esse fluido.
O
sistema solar passivo consiste na utilização arquitectónica através da
disposição dos edifícios de forma a captar e armazenar calor. A energia
solar pode também ser utilizada na produção de energia eléctrica, com
base em células fotovoltaicas.
A
produção de electricidade a partir da energia solar é feita através de
espelhos (colectores solares) que recebem a radiação solar,
concentrando-a a fim de aquecer um fluído. Este, uma vez aquecido, é
utilizado para produzir vapor de água que vai accionar a turbina que,
por sua vez, põe em movimento o alternador.
Vantagens:
A electricidade produz-se directamente a partir da radiação solar sem
contaminação nem ruído, os sistemas fotovoltaicos podem operar a
qualquer escala e em qualquer ambiente, a energia eléctrica pode ser
gerada no local onde vai ser utilizada.
Desvantagens: O custo das células fotovoltaicas e o uso de produtos químicos tóxicos no seu fabrico são inconvenientes desta tecnologia.
Dado
que Portugal possui uma elevada insolação anual - cerca de 3 mil horas
de sol por ano - a energia solar activa (aproveitamento directo da
energia solar através de painéis solares) constitui uma das energias
renováveis alternativas economicamente mais competitivas. No que diz
respeito à energia fotovoltaica, as aplicações encontram-se em
habitações muito afastadas da rede de distribuição de electricidade, em
passagens de nível ferroviárias e nas telecomunicações (retransmissores
de televisão e nos telefones SOS das auto-estradas).

Energia das ondas
A
energia eléctrica pode ser obtida se for utilizado o movimento
oscilatório das ondas. O aproveitamento é realizado nos dois sentidos:
na maré alta a água enche o reservatório, passando através da turbina,
produzindo energia eléctrica, na maré baixa a água esvazia o
reservatório, passando novamente através da turbina, agora em sentido
contrário ao do enchimento, e produzindo energia eléctrica.
A
maioria das instalações de centrais de energia das ondas existentes,
são de potência reduzida, situando-se no alto mar ou junto à costa, para
fornecimento de energia eléctrica a faróis isolados ou carregamento de
baterias de bóias de sinalização.
Desvatagens:
O fornecimento não é contínuo e apresenta baixo rendimento. Além disso,
as instalações não podem interferir com a navegação e têm que ser
robustas para poder resistir às tempestades mas ser suficientemente
sensíveis para ser possível obter energia de ondas de amplitudes
variáveis.

Energia das marés
As
marés são o resultado da combinação de forças produzidas pela atracção
do Sol e da Lua e do movimento de rotação da Terra que leva à subida e
descida da água dos oceanos e mares. A energia das marés consiste no
aproveitamento dos desníveis de água que resultam dessa subida e descida
das marés.
O
princípio de funcionamento de uma central de maré é bastante semelhante
ao funcionamento de uma central hidroeléctrica, no que diz respeito ao
aproveitamento da energia cinética das massas de água. À medida que a
maré sobe ou desce, a água passa através de comportas, ora num sentido,
ora noutro. Seguidamente, são accionadas turbinas que transformam a
energia mecânica em eléctrica.
Na
Europa foi construída uma central de produção de energia das marés em
La Rance (França), a 10 km da desembocadura do rio Rance no Canal da
Mancha. Neste local a amplitude da maré é de 13 metros. Esta central
está em funcionamento desde 1966.

Energia Biomassa
São
designados por biomassa, os resíduos naturais e os resíduos resultantes
da actividade humana. São biomassa, os subprodutos da pecuária, da
agricultura, da floresta, ou da exploração da indústria da madeira, que
constituem matérias-primas para a produção combinada de electricidade e
calor. Também é considerada biomassa, a parte biodegradável dos resíduos
sólidos urbanos (lixo doméstico).
A biomassa pode ser usada
directamente como combustível, ou, através da sua biodegradação produzir
um gás combustível, designado por biogás. Em qualquer das situações, o
calor produzido, pode ser usado directamente em aquecimento, ou para a
produção de vapor, que irá accionar uma turbina, para a produção de
electricidade.
A sua queima produz dióxido de carbono e alguns outros
gases, que seriam sempre libertados na decomposição natural da
biomassa, sendo que a respectiva aplicação na produção de electricidade,
reduz a poluição, nomeadamente de solos, cursos e reservas de água, em
especial, no que respeita aos resíduos pecuários.

Energia Biogás
O
biogás é um gás combustível, constituído em média por 60% de metano e
40% de CO2, que é obtido pela degradação biológica anaeróbica dos
resíduos orgânicos. Actualmente, a geração de biogás provém
exclusivamente da degradação dos resíduos da nossa civilização.
Há
outros dois factores suplementares que ditam a importância do
aproveitamento do Biogás: a redução da energia consumida no tratamento
dos resíduos e, além disso, a queima do metano, a que faz com que não
ocorra o seu lançamento na atmosfera, onde é fortemente nocivo em termos
de efeito de estufa.
Recursos minerais
Os
recursos minerais são todos os bens mineralógicos existentes na crusta
terrestre, passíveis de serem utilizados pelo Homem. Os recursos
minerais podem ser agrupados, segundo as suas propriedades químicas, em
recursos minerais metálicos e em recursos minerais não metálicos.
Existem vários exemplos de recursos minerais metálicos: uns mais comuns
como o zinco, o cobre, o alumínio, o ferro e o chumbo, e outros mais
escassos como o ouro, a prata e a platina.
Na maior parte das zonas
terrestre, qualquer elemento pode ser encontrado ligado a outros
elementos em quantidades semelhantes às que são frequentemente na
composição média da crosta. Daí surge o clarke que é a
unidade de cálculo da abundância de um elemento na crosta terrestre.
Expressa-se normalmente em partes por milhão, e podemos considerar um
jazigo mineral como uma formação geológica em que a concentração de
algum ou alguns dos elementos é superior ao clarke correspondente, sendo
por isso susceptível de exploração economicamente rentável.
Na
exploração de um jazigo mineral, chama-se minério ao material que é
aproveitável e que tem interesse económico, e ganga ao material sem
valor económico. Todo o material sem valor económico, ou seja, a ganga, é
acumulado em escombreiras. Estas são depósitos superficiais junto ás
explorações mineiras. As escombreiras causam:
- Elevada poluição visual;
- Maior risco de deslocamentos de terrenos;
- Poluição no solo e/ou ar, por poderem conter substâncias tóxicas.
Os recursos minerais não metálicos são muito abundantes na Natureza.
A
sua utilização é tão ampla que são considerados bens de primeira
necessidade. As areias, as argilas e as rochas (ex. granito, basalto,
mármore e calcário) são exemplos de minerais não metálicos. São os
materiais mais abundantes e normalmente não atingem preços muito
elevados, com excepção das pedras preciosas. Portugal é um país
relativamente rico em recursos minerais não metálicos, que são
utilizados como matérias-primas, nomeadamente na construção e na
ornamentação.

Águas subterrâneas
As
águas subterrâneas constituem o maior reservatório de água doce do
planeta Terra. Formam-se, essencialmente, a partir da infiltração da
água da chuva e, uma vez no subsolo, podem formar toalhas ou lençóis de
água quase imóveis, que alimentam as fontes e os poços, ou então
circular por entre as fissuras das rochas.

As
zonas onde a circulação de água subterrânea é mais importante que os
cursos de água de superfície apresentam, em geral, uma morfologia
característica denominada cársica.
Existem,
no entanto, águas subterrâneas que têm uma origem diferente da
infiltração. São as águas juvenis que provêm do interior da crusta, tal
como certas águas termais, e aquelas que são retidas nas rochas (água
higroscópica e água de retenção).
As toalhas
de água são constituídas pelo conjunto da água que ocupa os interstícios
das rochas porosas num domínio definido pela sua espessura e extensão.
Entre os diversos tipos de toalhas ou lençóis de água podemos considerar
as:
- freáticas, que ocupam as rochas
superficiais permeáveis. O seu nível varia em função das precipitações.
Não sendo perfeitamente horizontais, ocupam as irregularidades
topográficas dos terrenos onde se encontram. Em clima temperado são
principalmente alimentadas pelas chuvas de Inverno (Outubro a Abril) e o
seu nível é mais ou menos alto em função da quantidade de precipitação;
- cativas, cuja superfície está abaixo do
limite superior do tecto da formação geológica que a contém. O tecto é
necessariamente impermeável;
- artesianas, em
que a superfície superior ao nível do solo está situada a um nível
inferior ao de certas zonas da parte cativa do lençol de água;
-
aluviais, que se encontram nos aluviões dum curso de água. Estão mais
ou menos relacionados com as águas do curso de água, mas, segundo o grau
de permeabilidade dos aluviões, podem ter o seu nível mais elevado que o
da água livre.
As
rochas podem funcionar como reservatórios de água que pode ser
extraída, através de técnicas apropriadas, para consumo humano. O
conjunto da rocha permeável e a água que contém, se esta for suficiente
para ser utilizada como reserva, denomina-se aquífero. O estudo das
águas subterrâneas (ou hidrogeologia) reveste-se de uma importância cada
vez maior, à medida que o problema da água potável para alimentação das
cidades se agrava, já que os aquíferos são explorados
indiscriminadamente.
Reservatório de águas subterrâneas - Aquífero
Como
já foi referido, o aquífero é uma formação geológica subterrânea que
armazena água e permite a sua circulação de forma a que a água possa ser
extraída pelo homem em condições economicamente rentáveis e sem
impactos ambientais negativos.
Muitos dos melhores aquíferos são
arenitos ou rochas sedimentares clásticas. Contudo, qualquer rocha o
pode ser, desde que seja suficientemente porosa e permeável - como, por
exemplo, um calcário poroso, um basalto fracturado ou um granito com
diáclases e erodido.
O comportamento da água subterrânea é condicionado, conjuntamente, pela geologia e geometria do aquífero onde se encontra.
Os
aquíferos podem ser, de acordo com o armazenamento da água, de dois
tipos - aquíferos livres ou aquíferos cativos ou confinados - servindo
ambos para a extracção de água.
O aquífero livre é uma formação
geológica permeável e parcialmente saturada de água. Apresenta uma
camada impermeável (ex.: camada de argila) que retém a água, impedindo
que continue a infiltrar-se. A água encontra-se à pressão atmosférica. A
este local dá-se o nome de superfície piezométrica ou nível freático.

A água dos aquíferos livres atravessa várias camadas:
-
Zona de aeração, localizada entre o nível freático e a superfície, onde
ocorrem a infiltração da água, que circula na vertical, e fenómenos de
capilaridade. O movimento da água é intenso e possui espaços preenchidos
por ar.
- Zona de saturação, localizada a maior profundidade, com
uma camada impermeável na base, onde o movimento da água, mais ou menos
lento, é influenciado pela pressão hidrostática. Os poros das rochas
deste local estão saturados de água.
- Franja capilar, localizada
acima da zona de saturação, com uma espessura que varia de poucos
milímetros, em terrenos arenosos grosseiros, a alguns metros, em
terrenos argilosos. A água circula por capilaridade a partir da zona de
saturação.

O
aquífero cativo é uma formação geológica permeável onde há acumulação e
circulação de água, limitada superior e inferiormente por formações
geológicas impermeáveis. A recarga ocorre através de uma zona limitada
que contacta com a superfície, mas colocada lateralmente.
A água
encontra-se a uma pressão superior à pressão atmosférica; portanto,
quando se efectua um furo para a extracção, a água sobe até à superfície
piezométrica, dando origem a um furo artesiano. Quando, ao criar o
furo, a água consegue atingir a superfície sob a forma de repuxo, o furo
artesiano designa-se furo repuxante.

Parâmetros característicos dos aquíferos:
A capacidade de um aquífero armazenar água está relacionada com a sua porosidade e a sua permeabilidade.
Uma
formação rochosa diz-se porosa quando é constituída por um agregado de
grãos, entre os quais existem poros, ocupados por ar ou por água, que
podem estar ligados ou semifechados, condicionando a passagem de água.
A
porosidade de uma formação rochosa é definida pela razão entre o volume
dos espaços vazios e o volume total da amostra. A água também pode
ficar retida em estruturas diferentes dos poros, as fracturas e
diáclases das rochas, mas estas não estão relacionadas com a porosidade.
A
permeabilidade é a capacidade que algumas rochas possuem de se deixarem
atravessar com maior ou menor facilidade pela água. Em terrenos muito
porosos em que os espaços são grandes e bem interconectados, como, por
exemplo, em areias limpas, a permeabilidade é elevada. Se os poros,
apesar de numerosos, se encontrarem semifechados e não permitirem a
circulação da água, a permeabilidade é muito reduzida e a formação
rochosa é quase impermeável.


É
a conjugação destas duas características, porosidade e permeabilidade,
que permite caracterizar os reservatórios de água subterrânea.
Bons
aquíferos - rochas muito porosas e com boa permeabilidade (os seus poros
têm dimensões adequadas e estabelecem ligações entre si).
Maus aquíferos - rochas com poros de dimensões reduzidas e sem qualquer ligação entre eles (permeabilidade fraca).

Nesta imagem é possivel constatar as várias camadas:
Camada A - zona de aeração (ao longa da qual a água se infiltra);
Camada B - zona saturada que constitui um bom aquífero (por exemplo, uma camada arenosa);
Camada C - camada impermeável que não deixa passar a água (por exemplo, uma camada
argilosa);
Camada
D - camada com boa porosidade e boa permeabilidade, ou seja, boas
condições para ser um aquífero (por exemplo, uma camada arenosa);
Camada E - substrato rochoso impermeável (por exemplo, um granito são e não fracturado).
Nesta
sequência é possível identificar duas camadas com as características
necessárias para serem consideradas bons aquíferos: a camada B e a
camada D.
Gestão das águas subterrâneas
Uma
vez que as águas subterrâneas dos aquíferos constituem um recurso
importantíssimo de água doce, deve-se evitar a todo o custo a sua
contaminação. No entanto, esta é contaminada com base em 3 aspectos
diferentes:
Poluição física :ocorre quando se verifica uma variação,
por exemplo, nos valores de temperatura ou de radioactividade na água de
um aquífero. Tratando-se de um fenómeno temporário, com mais ou menos
facilidade, rapidamente o aquífero adquirirá as suas propriedades
físicas normais.
Poluição química - introdução na água de substâncias
que podem prejudicar a sua utilização, tornando-a desagradável à visão,
ao olfacto e ao paladar. Estas substâncias provocam a alteração das
propriedades físicas e biológicas da água, tornando-a imprópria para
muitas das suas utilizações.
Poluição bacteriológica - quando
substâncias tóxicas ou organismos patogénicos aparecem na água,
tornando-a imprópria para consumo e para as utilizações domésticas.

De
uma maneira geral, a poluição que afecta as águas subterrâneas é
causada pelas diferentes actividades do Homem. Assim, a poluição das
águas pode ser dos seguintes tipos:
- poluição de origem agrícola: a
agricultura, quando de carácter intensivo, utiliza grandes quantidades
de adubos, pesticidas e outras substancias capazes de fazerem aumentar a
produção. Estes produtos possuem substâncias perigosas, algumas
tóxicas, tais como nitratos, fosfatos e mesmo metais pesados. A
assimilação destes produtos, por parte das plantas, nunca é total, pelo
que os fosfatos e nitratos não assimilados acabam por ser arrastados
pelas águas das chuvas até aos aquíferos, poluindo-os.
- poluição de
origem urbana: o aumento populacional tem causado enormes problemas de
gestão dos resíduos que são produzidos pelo Homem. Os resíduos, mesmo
quando depositados em aterros (ditos sanitários), com o decurso do
tempo, sofrem diversas transformações, que originam materiais perigosos
para os aquíferos. Destes materiais, os mais nocivos são as chamadas
águas lixiviantes que, caso não sejam convenientemente tratadas, ou caso
ocorra uma fuga destas águas, poderão contaminar, de forma
irremediável, um aquífero.
- poluição de origem industrial: a
actividade industrial, nomeadamente as industrias petroquímica,
metalúrgica e alimentar, produz resíduos líquidos que são lançados,
muitas vezes, nos solos ou nas linhas de água, sem qualquer tipo de
tratamento. As substâncias poluidoras (metais pesados, produtos
orgânicos e outras) geradas por estas actividades são, em alguns pontos
do nosso país, responsáveis pelo estado de degradação em que se
encontram alguns aquíferos.
Para além dos tipos de poluição já
referidos, a sobreexploração de um aquífero pode, também, provocar a sua
poluição. Retirar mais água do que aquele que os aquíferos são capazes
de produzir pode provocar alterações químicas ou bacteriológicas, que os
tornam impróprios para consumo.

Os
casos de sobreexploração mais típicos são os que ocorrem nas zonas
costeiras. Assim, se determinado aquífero, localizado no litoral, for
explorado em excesso, a diminuição da quantidade de água doce
possibilita o avanço da água salgada subterrânea em direcção ao
continente, acabando por atingir as captações que se localizam mais
próximo do mar. Quando esta situação acontece, dificilmente se
conseguirá recuperar um aquífero.
Assim a manutenção dos aquíferos
impolutos implica várias medidas como o controlo da intervenção
antrópica, a análise periódica da qualidade da água captada, a aplicação
de coimas pesadas, quer a nível individual quer colectivo, para quem
polua estes recursos, etc. A sensibilização das populações para o uso
correcto da água e o incentivo à gestão racional dos recursos
hidrológicos são igualmente importantes para a preservação dos
aquíferos.

Vídeo:
Este
vídeo possui imagens dos recursos renovavéis e por isso, não estão
colocadas muitas imagens a acompanhar cada um destes tipo de recursos.
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